O café é uma das três bebidas mais populares do mundo, juntamente com água e chá. Produzida a partir dos grãos torrados e moídos do cafeeiro, a bebida foi adotada pela humanidade como um hábito, sendo oferecida em diversas ocasiões.
Descoberto por um pastor na Etiópia, o café cruzou continentes, oceanos e atravessou conflitos militares, sociais e religiosos. Os cafezais sobreviveram aos ataques de pragas e doenças, tiveram seu valor reconhecido no desenvolvimento agrário de diversos países, até se tornar a 2º commodity mais desejada do mundo.
Atualmente, o café é produzido em quatro continentes e consumido em todos os seis. Os componentes químicos que originam a bebida, fazem parte das pesquisas científicas sobre os benefícios da cafeína no organismo humano.
Tornou-se indispensável para a maioria das pessoas como um estilo de vida nas cafeterias e como um coadjuvante na melhoria da atenção e concentração.
O café foi além das expectativas e hoje está até presente na máquina de expresso na Estação Espacial internacional.
O cheiro de café que acabou de ser feito é uma das maiores invenções do mundo.
-Hugh Jackman – Ator Australiano
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- A Origem Do Café
- O Que É O Café?
- A História Do Café
- Os Barões do Café
- O Café Brasileiro
- Como Se Produz Café
- Cinturão do Café
- Tipos De Torrefação De Café
- Café E Os Benefícios A Saúde
- Métodos De Preparar O Café
- O Mercado Cafeeiro
A Origem Do Café
A origem do café é um tanto incerta, mas segundo historiadores, o cafeeiro teria sido descoberto na Etiópia por um pastor de cabras, quando observou seus animais cheios de energia depois de comer uma fruta vermelha de um arbusto. Foi somente no século 13 que as pessoas começaram a torrar os grãos de café, o primeiro passo no processo de preparo da bebida que conhecemos hoje.
A palavra “café” tem raízes em várias línguas, tais como, qahwah no Iêmen, kahveh em turco, koffie no holandês e coffee em inglês.
O café, é um produto nobre do agronegócio, ocupando um lugar de destaque na história do desenvolvimento dos países produtores. Atualmente, é a mercadoria de maior valor comercializada no mundo, ficando atrás apenas do petróleo.
Muito se questiona sobre os benefícios e malefícios da bebida para a nossa saúde. Entretanto, pesquisadores vêm descobrindo as propriedades medicinais do café, destacando os impactos positivos na prevenção da depressão e seus efeitos sobre a atenção, concentração, memória e aprendizado.
Café não é só cafeína, a bebida vem se revelando como um alimento capaz de promover a qualidade de vida da humanidade.
O Que É O Café?
O café é oriundo do cafeeiro, um arbusto da família Rubiaceae com mais de 100 diferentes espécies de plantas agrupadas no gênero botânico Coffea, no qual se produz um fruto a princípio verde, mas quando amadurece, se torna vermelho ou amarelo e, com sua polpa doce, indica que está no momento exato da colheita, para depois ser despolpado, secado, torrado e consumido.
Apesar da grande diversidade de espécies do cafeeiro, apenas duas têm relevância econômica no mercado mundial: Coffea arabica e Coffea canephora.
A Coffea arabica, também conhecida como Café Arábica, é originária da Etiópia e representa cerca de 70% da produção mundial de grãos de café. Seu cultivo se desenvolve melhor em altitudes mais elevadas, geralmente em regiões acima de 800 metros onde o sabor de sua bebida se destaca, já que a maturação dos grãos acontece de forma mais lenta, proporcionando maior acúmulo de açúcares para a produção de café especial.
A outra espécie é a Coffea canephora, que representa aproximadamente 30% da produção mundial de café. Originária do Congo, África, é representada pelas variedades Café Robusta e Café Conilon, os quais diferem, basicamente, na adaptabilidade a determinadas regiões.
O termo “robusta” faz referência à sua rusticidade e resistência, pois se adapta melhor do que o Arábica nas regiões mais próximas ao nível do mar, além de ser mais resistente à pragas e doenças, principalmente à ferrugem do cafeeiro – Hemileia vastatrix, uma doença devastadora que pode levar à perda de colheitas de 30% a 50% ou de plantações inteiras.
O Café canephora apresenta maiores teores de polifenóis que são benéficos à nossa saúde e possui quase o dobro de cafeína (2,2%) quando comparado ao Café Arábica (1,2%).
Assim, tanto o robusta quanto o conilon são preferidos pela indústria de café solúvel, além da produção de blends, que é a mistura de grãos de cafés com o Arábica, por exemplo, a fim de enriquecer os sabores e aromas do produto final.
A História Do Café
O café, originário das terras altas da Etiópia, difundiu-se para o mundo através do Egito e da Europa.
Segundo registros, a história do café teria começado por volta do século VI, quando um pastor chamado Kaldi observou que suas ovelhas ficaram agitadas após comer folhas e frutos de cor cereja de um arbusto.
O pastor resolveu levar até um monge o fruto da planta que, segundo ele, deixava o rebanho bem disposto quando a ingeria. O monge, por sua vez, experimentou os frutos amarelos-avermelhados através de uma infusão e percebeu que realmente o ajudava a ficar acordado durante as suas meditações.
O conhecimento do efeito do café disseminou-se na tribo do pastor e região onde consumiam o fruto do café macerado e misturado à gordura animal.
Da Etiópia os grãos de café foram para o Norte da África e finalmente para a Arábia. Por volta de 900 d.C. o café (Coffea arabica) aportou no país árabe, onde foi utilizado como alimento cru e também na medicina popular.
Em 1000 d.C. os árabes já preparavam o café a partir da infusão do fruto seco em água fervida para combater o sono. A partir daí, as primeiras culturas de café se estabelecem no Iêmen, e o hábito e beber café torna-se popular em Constantinopla, atual Istambul, Turquia, onde surgiu em 1475 a primeira cafeteria turca, Kiva Han.
Em 1480 o Alcorão proíbe bebidas alcoólicas o que aumentaria a aceitação do café cresce no mundo árabe, que também era usado em cerimônias religiosas.
Em 1615, durante o período das Cruzadas, o café é introduzindo na Europa através do comércio entre europeus e árabes. Simultaneamente, a torrefação e a moagem passam a ser praticadas no continente europeu. Foi nesse mesmo período que os egípcios começaram com o hábito de adoçar o café com açúcar. Em 1652 é inaugurada em Londres, Inglaterra, a Pasquar Rose, primeira cafeteria local.
No decorrer do século XVIII, os árabes tentam tomar medidas para manter o monopólio da produção de café. Porém, os holandeses conseguiram contrabandear os frutos frescos para as suas colônias asiáticas e mais tarde transportar para a América do Norte, passando a ser consumido em Nova Amsterdã (Nova York) e na Filadélfia, onde são abertos os primeiros coffee shops.
Simultaneamente, cafeterias se disseminam pela Europa e é inaugurado o primeiro café de Paris, chamado Le Procope.
Em 1718, mudas de café do Jardim Botânico de Amsterdã são levadas para o Suriname. De lá, passam à Guiana Francesa e em 1727 o café chega ao Brasil pela cidade de Belém, Pará.
Entretanto, não se fixou na região amazônica por falta de boas condições naturais, não tendo alcançado ali maior significado econômico. Em 1760, com o cultivo do café no Rio de Janeiro pela boa adaptação, os produtores ainda se voltavam para a cultura da cana-de-açúcar.
No início do século XIX, as primeiras fazendas produtoras de café se instalam no Vale do Paraíba em São Paulo, devido às circunstâncias climáticas, de relevo e solo.
O Brasil começa a dominar a oferta mundial, iniciando o chamado Ciclo do Café, com a produção se estendendo pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. Como consequência, cresce o tráfico de povos da África para trabalhos forçados como escravos nos cafezais.
Em 1820, o protótipo da máquina de café expresso é criado na França e Ferdinand Runge , um cientista alemão, isola a cafeína.
Com o Brasil produzindo 45% do café do mundo em meados do séc. XVIII, o país passa a ser uma potência do café, com 26 milhões de pés plantados. Em 1840, O Brasil torna-se o maior produtor do mundo e ainda ocupa essa posição até hoje.
Porém, a Guerra da Secessão nos EUA provocou uma queda significativa nas exportações e nos preços internacionais. Mesmo assim, o Brasil continuou no patamar de maior produtor do mundo em grãos de café.
Com o fim da mão de obra escrava no país através da Lei Áurea em 1880, os impactos na lavoura são significativos e os produtores se veem obrigados a contratar imigrantes portugueses, italianos, espanhóis e japoneses.
Em 1908, Melitta Bentz, inventa o filtro de papel, com protótipo feito em papel mata-borrão e porta-filtro de alumínio.
Já em 1935 a Illycaffè lança no mercado a Illetta, primeira máquina expresso de alta pressão, uma antecessora das modernas máquinas que conhecemos hoje, graças ao sistema patenteado de separação entre aquecimento e pressão da água.
Em 1946 o Italiano Achille Gaggia, cria o cappuccino, cujo nome deriva da cor da bebida, similar às das vestes dos monges capuchinhos.
No início da década de 60, surge a Organização Internacional do Café (OIC), a maior agência reguladora do setor no mundo, sediada em Londres. O foco principal da OIC era pautar aspectos econômicos, como regime de cotas de exportação para países produtores.
Em 1995, o café tornou-se a segunda maior commodity negociada no mundo, superada apenas pelo petróleo e os preços flutuam entre US $150 e US $180/saca.
No fim dos anos 90 e início dos anos 2000 a produção de cafés especiais desponta em alguns países, especialmente no Brasil, onde exportações atingem recorde de US $3 bilhões.
A Alemanha ultrapassa os EUA como maior importador. Porém, em 2001, o Preço do café cai para menos de US $35 a saca de 60 kg, um dos mais baixos da história, recuperando seu preço apenas em 2011, quando passou a US$350/saca de 60 kg.
Hoje, o café é uma das mais valiosas commodities comercializadas no mundo, sendo superado apenas em valor pelo petróleo. Seu cultivo, beneficiamento, comercialização, transporte e mercado geram milhões de empregos, sendo fundamental para a economia e política de muitos países em desenvolvimento.
O movimento do café continua a crescer com o aumento de pequenos produtores e cafeterias, ostentando grãos sustentáveis, torrados localmente e grãos com características próprias que podem agradar ou não o paladar de cada consumidor.
Os Barões Do Café
O cultivo do café foi a base da economia do Império do Brasil. Naquela época, a bandeira brasileira foi caracterizada pelo pintor Jean-Baptiste Debret (1768-1848) com um ramo de café.
Nas fazendas, o cafeeiro se transformou na principal lavoura e, para preservá-la, os proprietários das terras e também senhores de escravos, defendiam o regime de produção latifundiário-escravista.
Os fazendeiros, queriam manter a qualquer custo a mão de obra escrava, o que aumentou o tráfico de navios negreiros vindos da África. Em meio às fugas de escravos e insurreições, foram adotadas posições de enfrentamento e de resistência à política inglesa de repressão ao tráfico africano intercontinental.
Naquela época, não era aceitável para os fazendeiros e dos comissários de café o fim da escravatura, pois a mão de obra barata estava ligada à expansão cafeeira no país, fazendo a fortuna dos que dominavam a produção e comércio do café, além de enriquecer os cofres do Tesouro Imperial.
Esse cenário era positivo para o Império, já que via a sua receita crescer. Com isso, os colonos passaram a se estabeleciam nas proximidades da corte, no Rio de Janeiro, ganhando terras para o seu cultivo do príncipe D. João (1767-1826).
Posteriormente, esses mesmos colonos migraram rumo às terras férteis da região do Vale do Rio Paraíba, entre Rio e São Paulo, e passaram a cultivar diversas culturas, entre os quais o café, com mudas doadas pelo próprio regente D. João.
Diante das grandes possibilidades de lucros, abandonaram as demais culturas e investiram no café. Esses ricos colonos, que tiveram sua importância social do século XIX, formaram o grupo seleto conhecido como Barões do Café.
Com a expansão cafeeira o crescimento das propriedades e o predomínio das grandes famílias foi inevitável. Buscando alianças de interesses político-partidários e econômicos, poderosos laços foram criados através de casamentos entre famílias proprietárias dos cafezais fluminenses, paulistas e mineiros, formando o que era chamado na época como a “boa sociedade”.
No período entre 1830-1840, o café já representava mais de 40% das exportações totais do Império, ultrapassando, inclusive, a do açúcar. Consequentemente, houve necessidade a abertura de novos caminhos (estradas e portos) na região Centro-Sul do país, principalmente no Rio de Janeiro para transporte de sacas de café dentro e fora do país.
O fim da mão de obra escrava, agradava a interesses estrangeiros como o dos ingleses, por outro desagradava à elite econômica do país, que tinha a escravidão como alicerce para suas riquezas.
A partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, no século 18, ocorreram mudanças nas relações de trabalho e produção, surgindo uma classe trabalhadora, na qual a escravidão estava descartada, pois, como não recebia pelo seu trabalho, não tinha poder de compra. Embora a Inglaterra tenha sido líder do tráfico negreiro, passa a combater tal movimento, pois acreditava que o escravo em liberdade poderia aumentar o seu mercado consumidor.
Em 1845, O Parlamento Britânico aprovou a “Lei Bill Aberdeen” que determinava o aprisionamento e julgamento por um tribunal britânico. O fato repercutiu no Brasil, dando origem à Lei Eusébio de Queirós, assinada no dia 04 de setembro de 1850, que extinguia do tráfico de negros escravizados para o Brasil e determinava punição aos transgressores. Mesmo assim, isto não impediu a entrada clandestina de milhares de escravos no país.
Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel declarou o término da escravidão no Brasil ao assinar a Lei Áurea, libertando cerca de 700 mil escravos no país.
Com o fim do trabalho escravocrata no Brasil, gerou um grande problema para os fazendeiros, principalmente para os Barões do Café, que necessitavam de mão de obra nos cafezais.
A alternativa encontrada foi buscar trabalhadores em outros países, que se encontravam desempregados devido a Revolução Industrial a partir do século XVIII e XIX, pois o avanço tecnológico das máquinas dispensou grande parte do trabalho humano nas fábricas.
Assim, milhares de italianos, suíços, alemães e japoneses vieram trabalhar nas fazendas de café, especialmente no Estado de São Paulo, abrindo portas para formação de novas classes sociais no Brasil.
Os Barões do Café fizeram fortuna com o comércio do café. As mansões da Avenida Paulista são o símbolo de poder e riqueza desta elite cafeeira. Grande parte dos lucros do café foi investido na indústria, principalmente no eixo Rio-São Paulo.
A cafeicultura brasileira motivou o início da imigração europeia, a instalação da malha ferroviária e o processo de industrialização da Região Sudeste no Brasil.
O Café Brasileiro
Conforme a revista Forbes, as exportações de cafés do Brasil em 2021, foram realizadas para 122 países e totalizaram um volume equivalente a 40,37 milhões de sacas de 60 quilos, resultando em receita total de US$ 6,24 bilhões, sendo a maior dos últimos sete anos.
Segundo a EMBRAPA, a safra de grãos de café do Brasil para 2022, foi calculada em 55,74 milhões de sacas de 60kg, das quais 38,78 milhões de sacas são de café arábica e 16,96 milhões de robusta e conilon.
Estima-se que a área cultivada no Brasil seja em torno de 1,82 milhão de ha com cerca de 300 mil produtores, onde a maioria são pequenos cafeicultores, distribuídos nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rondônia, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Amazonas e Pará.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, indicam que a área total de produção do café arábica no Brasil equivale a 1,43 milhão de ha e que 85% da produção nacional está concentrada nos Estados de Minas Gerais, como maior produtor, seguido por São Paulo, Espírito Santo e Bahia.
Já o café conilon, ocupa cerca de 390 mil ha no território brasileiro, sendo que 95% de sua produção está nos estados do Espírito Santo, Bahia e Rondônia.
O Brasil possui uma diversidade de climas, altitudes e tipos de solo que favorecem o cultivo do café de Norte a Sul do País, fazendo com que os produtores brasileiros obtenham os mais variados padrões de qualidades e aromas da bebida.
Isso possibilita atender às diferentes demandas de paladar com a produção de blends e cafés especiais com preços acessíveis aos consumidores brasileiros e estrangeiros.
O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café. Avanços significativos da cafeicultura brasileira estão relacionados a pesados investimentos em pesquisas em áreas importantes, como o melhoramento genético, biotecnologia, manejo de pragas, irrigação, qualidade da produção, biotecnologia.
Consequentemente, a cafeicultura brasileira é, no mundo, uma das mais atentas às questões socioambientais, com a preocupação em garantir a produção de um café sustentável.
A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. São leis que respeitam a biodiversidade e os trabalhadores envolvidos na cafeicultura, com rigorosa restrição a qualquer tipo de trabalho análogo à escravidão ou infantil. Os produtores brasileiros preservam florestas e fauna nativa, controlam a erosão e protegem as fontes de água.
A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo. As leis trabalhistas e ambientais brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.
Atualmente, o café é relevante fonte de receita para centenas de municípios, além de ser um importante setor na criação de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno conferem sustentabilidade econômica ao produtor e sua atividade.
A cada ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos.
O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores nacionais e internacionais mais exigentes. (MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
Como Se Produz Café
A implantação e manutenção de um cafezal é um dos pilares da sustentabilidade da cafeicultura, pois, sendo uma cultura perene, ou seja, que permanece produtiva durante um longo tempo, possíveis falhas cometidas durante o planejamento, plantio e durante os tratos culturais, irá impactar na sua longevidade, produtividade, qualidade do produto, custos de produção e rentabilidade.
O planejamento faz parte da administração de um empreendimento e consiste em tomar decisões, sempre buscando apoio técnico de profissionais da área como Agrônomos ou órgãos de pesquisa do governo como a EMBRAPA.
Um Cafeicultor preparado tecnicamente, irá identificar os impactos do clima da região na lavoura, as deficiências do solo e a infraestrutura a ser implantada, como sistema de irrigação, maquinários, área para beneficiamento dos grãos, tipo de cultivo, como manual ou mecanizado.
Deverá estudar a disponibilidade de mão de obra qualificada, identificar fornecedores e serviços técnicos na região e entender sobre os aspectos legais de áreas de preservação permanente (APP), uso do solo, água e ar.
Além disso, será capaz de entender suas necessidades para investir em tecnologia, como agricultura de precisão tais como, softwares para fornecimentos de dados que mapeiam déficits nutricionais, incidência de pragas e doenças, controlam a irrigação, identificam a floração e a maturação dos frutos, bem como, auxiliam drones para aplicação de insumos.
Como resultado, o agricultor terá ferramentas necessárias para tomada de decisão para um planejamento da safra em busca de um manejo eficiente com redução de custos, aumento da produtividade e baixo impacto ambiental.
Clima E Solo
As exigências entre as variedades, robusta e arábica, diferem em altitude e temperatura.
Café arábica – plantio em altitudes entre 600 e 1200 m; temperaturas entre18º a 22º C.
Café robusta – plantio em altitudes de até 450 m; temperaturas entre 22º e 26º C.
A Precipitação anual para ambas as variedades deve ser distribuída durante os períodos de desenvolvimento vegetativo e frutificação entre 1200 e 1800 mm.
Com relação ao solo, deve ser fértil e não ser pedregoso ou excessivamente arenoso, de boa drenagem e ter profundidade mínima de 1,20 m e com boas condições de textura e estrutura.
Limitações físicas, como solo compactado, pedras, cascalho, prejudicam o aprofundamento e desenvolvimento das raízes das plantas.
Produção Das Mudas
Para a produção das mudas, as sementes são acondicionadas em saquinhos específicos ou tubetes com substrato – terra, composto, esterco e nutrientes.
Após a germinação, as mudas ficam cerca de 6 meses no viveiro, protegidas por um sombrite para evitar a luz direta do sol, o que poderia queimar as folhas novas. Em seguida, são transportadas para o local de plantio e cultivadas até a sua primeira safra, que se inicia com cerca de dois anos e meio.
Para os cafeicultores que optarem por não produzirem suas próprias mudas, devem adquiri-las de viveiros registrados. Essas mudas devem ter de 3 a 6 pares de folhas definitivas, apresentaram desenvolvimento normal de raiz e de caule e livres de pragas e doenças.
Preparo Do Terreno E Plantio
Com a área definida e enquanto as mudas finalizam sua estadia no viveiro, inicia-se o preparo do terreno para a implantação do cafezal.
Todos os procedimentos nesta etapa têm importância fundamental no estabelecimento de uma lavoura, como limpeza do terreno, amostragem de solo, preparo e fertilização da área.
A limpeza compreende a retirada de raízes, tocos e vegetação rasteira que dificultam o trabalho de abertura de covas ou sulcos, o que pode prejudicar o plantio.
O solo é um ambiente dinâmico e suas propriedades físico-químicas e biológicas, impactam significativamente na absorção dos nutrientes pelas plantas.
A conservação do solo é parte integrante de um sistema de produção sustentável de uma lavoura. Realizar sua análise, torna-se indispensável durante toda a vida produtiva do cafezal, pois está ligada à produtividade e vida útil da plantação, repercutindo nos custos da fazenda.
É ela que será o ponto de partida para o produtor identificar a necessidade de correção da acidez e possíveis deficiências de macro e micronutrientes do solo.
O cafeicultor deverá ainda avaliar as condições físicas do solo para verificar a ocorrência de compactação o que poderá ser corrigido com o uso de subsoladores para a descompactação, seguido de aragem e gradagem para revolvimento e nivelamento do solo.
A fase seguinte consiste em efetuar a abertura de sulcos ou covas, podendo ser manual ou mecanizada utilizando um sulcador.
A época de plantio compreende o período que vai de outubro a dezembro, que corresponde às estações de primavera e verão no Hemisfério Sul e outono e inverno no Hemisfério Norte.
Culturas Intercalares
Culturas intercalares é a consorciação de café com outras culturas, como feijão, milho, banana, mandioca, inhame, girassol, soja, amendoim, arroz, plantadas entre as linhas das mudas de café.
No cafezal, essa prática traz algumas vantagens, como a conservação do solo, protege as mudas de café contra ventos, o uso como quebra-ventos, a incorporação de nitrogênio ao solo quando se plantam leguminosas, por exemplo feijão e a como uma renda adicional.
Entretanto, os gastos com mão de obra, consumo de insumos e água para irrigação, não podem ser descartados. Existe ainda, as chances da cultura intercalar ser um foco de pragas e doenças, além de dificultar a colheita mecanizada do café.
Tratos Culturais
Uma lavoura de café recém-implantada, necessita de cuidados em tempo hábil. Embora pareçam simples e de fácil execução, os tratos culturais são indispensáveis para promover a longevidade do cafezal.
Dentre os tratos culturais estão as podas, adubação pós plantio, roçadas para limpeza e aplicação de defensivos agrícolas para o controle de ervas daninhas, pragas e doenças como bicho-mineiro, ácaros, cochonilhas, ferrugem do cafeeiro, grilos, formigas-cortadeiras, cercosporiose, fusariose, dentre outros causadores de danos econômicos significativos do cafezal.
Colheita Do Café
No hemisfério sul o período da colheita é realizado entre maio a setembro, enquanto próximo à linha do Equador, pode ser feita ao longo do ano.
A muda atinge a maturidade no primeiro ano quando ocorre a floração. No segundo ano, as flores dão espaços aos grãos que, inicialmente, são verdes e depois tornam-se vermelhos ou amarelos, atingindo a fase denominada de “cereja”, indicando que estão prontos para serem colhidos.
Além da cor ser um indicativo como ponto de colheita, o produtor também pode analisar a porcentagem de maturação dos grãos. Se um pé de café apresentar 80% de frutos maduros, a colheita pode ser realizada.
Existem cafeicultores que possuem em suas propriedades uma equipe de qualidade que avalia o momento da colheita dos grãos, através de amostras que os técnicos descascam, secam, torram e preparam a bebida para análise.
Através da técnica denominada “cupping” na qual 10g de café em pó é diluído em 150ml de água quente, os degustadores experimentam e avaliam o potencial, sabores e aromas do café, determinando se está no momento certo para a colheita.
Escolher o método de colheita mais adequado para cada lavoura é essencial para uma boa relação custo-benefício para o produtor.
A colheita manual do café é um dos métodos mais antigos, na qual é feita a “derriça” dos grãos sobre panos ou peneiras, para posterior seleção e beneficiamento.
A colheita semi-mecanizada é feita com trabalhadores que selecionam e podam os galhos contendo grãos maduros sobre uma lona com aproximadamente 70m de comprimento por 2m de largura, espalhada nas ruas do cafezal.
A ponta da lona então é fixada num eixo da colheitadeira que enrola automaticamente como se fosse uma bobina, recolhendo a lona e jogando os frutos e galhos para dentro da máquina para fazer a trilhagem, ou seja, separar os grãos dos galhos e folhas.
Após a separação, os grãos vão direto para uma caçamba para depois serem secados, enquanto galhos e folhas são triturados pela própria máquina e despejados pelos trabalhadores nas ruas de café como cobertura morta para proteção do solo.
A Colheita Mecanizada é realizada por tratores agrícolas podendo efetuar uma colheita plena ou seletiva dos frutos, sem causar grandes danos à planta.
Este modelo de colheita é recomendado para plantações feitas em terrenos que possibilitem o trânsito das máquinas. Áreas em declive, apresentam dificuldades no tráfego de máquinas e implementos agrícolas o que torna a operação onerosa e às vezes inviável.
Importante ressaltar que o café é uma cultura bianual, ou seja, produz uma colheita abundante num ano, seguida de uma colheita menor no ano seguinte, para depois o ciclo se repetir. Na fase adulta, o cafeeiro torna-se um arbusto com aproximadamente 6 metros de altura, caso não haja nenhuma interferência, o que dificulta os tratos culturais e a colheita.
Por isso, alguns agricultores preferem realizar a recepa ou poda drástica no tronco, cerca de 20 cm do solo, após o 4º ano consecutivo de produção.
Como resultado, um novo broto surge, ocorre a floração logo no primeiro ano o que os produtores chamam de “ano da safra zero” e colhem somente no segundo ano, dando início a um novo ciclo de mais 4 anos.
Beneficiamento Dos Grãos
Para elaboração do café, o consumidor faz uso do grão torrado, moído ou solúvel, que são resultantes da industrialização de grãos de café beneficiados. O processo de beneficiamento de grãos de café cru ou “green beans”, tem por objetivo separar a casca dos grãos e, posteriormente, atender padrões de industrialização e de comercialização.
Portanto, os frutos de café seco devem ser limpos, descascados e classificados. Esse beneficiamento, pode ser realizado através dos processos seco ou úmido.
No sistema seco, os grãos podem ser processados manualmente ou mecanicamente.
Manualmente, os grãos são espalhados num terreiro por algumas semanas para secar à luz do sol e ao vento, sendo revolvidos diariamente, para que a secagem seja uniforme. Esse sistema é o mais antigo adotado para secar grãos, como feito séculos atrás.
Esse método faz com que o café seja pouco ácido, doce e aromático, porque o grão seca em contato com a polpa dentro da casca e absorve mais os elementos que dão sabor.
Entretanto, secar café num terreiro, pode causar uma exposição excessiva dos grãos e uma baixa taxa de secagem. Além disso, pode ocorrer uma fermentação dos frutos, prejudicando diretamente a qualidade da bebida.
Mecanicamente, o processo é feito por secadores, no qual os grãos secam com temperatura e tempo controlados. Posteriormente, os grãos passam por um cilindro confeccionado em chapas perfuradas que os separam das cascas por fricção ou impacto.
A palha ou cascas resultantes da secagem é espalhada nas ruas do cafezal como fonte de nutrientes e matéria orgânica.
Os secadores reduzem a necessidade de utilização de um terreiro, secam uniformemente e mais rápido, economizando na mão de obra, além de obter uma melhoria na qualidade do café. Sua alimentação pode ser por palha, lenha, pode ser a gás ou até por caldeira.
No processo úmido o café passa por máquinas que retiram a casca e depois é deixado em tanques com água. A mucilagem, uma camada viscosa e rica em açúcares que envolve o grão, é consumida num processo de fermentação natural deixando somente o grão no final. Por fim, o produtor irá secar os grãos em terreiros ou em secadores, de acordo com sua disponibilidade.
Armazenamento
A armazenagem do café beneficiado pode ser realizada a granel em silos ou acondicionado “big bags” com capacidade de 2000 kg.
Entretanto, o café precisa de condições adequadas de armazenamento. Do contrário, a etapa do estoque se tornará em perdas qualitativas e quantitativas do produto.
Durante o período de armazenagem as condições do ambiente devem ser propícias para evitar ganho de umidade e vapor, infestação por insetos e deterioração devido a proliferação dos fungos.
Em condições ideais, os grãos de café podem ficar armazenados durante anos, esperando um melhor preço de mercado.
Cinturão Do Café
Desde a variedade da planta, a química do solo, o clima, a quantidade de chuva e sol, e até a altitude na qual o café cresce, pode afetar o sabor da bebida.
Por isso, nem todas as regiões do mundo são adequadas para o cultivo do café. Na verdade, os cafezais, prosperam em climas frios e tropicais.
Por essa razão, o café cresce apenas numa faixa do globo entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio. Essa faixa é denominada “Cinturão do Café” que está localizado na Ásia-Pacífico, América Central, América do Sul e África.
Nessas regiões os solos são ricos, as temperaturas são amenas, variando entre 18ºC e 27ºC, com bastante chuva e as altitudes alternam entre 400 e 2000 metros.
O café é cultivado em mais de 70 países ao redor do mundo, conforme dados da Organização Internacional do Café incluindo: Estados Unidos, México, Porto Rico, Guatemala, Colômbia, Brasil, Etiópia, Quênia, Iêmen, Indonésia e Vietnam.
Tipos De Torrefação De Café
A torrefação é um dos estágios finais da produção do café para o consumo. Os grãos de café, após a colheita e beneficiamento, não possuem aromas e sabores que tanto apreciamos na hora de provar a bebida. Na verdade, o grão verde de café é amargo e sem aromas.
Assim, a torrefação entra como um player para determinar a qualidade e o tipo da bebida. É o aquecimento da torra que torna o café agradável, com aromas e sabores que conhecemos.
Para ser torrado, o café passa por um processo de degradação de seus componentes químicos como, ácidos, polissacarídeos e aminoácidos. Para que isso ocorra, as temperaturas dos torradores variam entre 180º e 240º C durante um período que vai de 7 a 15 minutos.
O tempo de torrefação irá determinar a tonalidade do grão que pode ser um marrom dourado claro até uma aparência escura, quase preta.
Uma torra longa ou acentuada é utilizada para esconder as impurezas em cafés de baixa qualidade, ocultar alterações nos grãos ou indicar que cascas de madeira, galhos, terra, dentre outros foram torrados juntamente com o café.
A temperatura da torrefação também determina a intensidade dos aromas, o grau de acidez, amargor e corpo.
O corpo é a sensação que sentimos na boca quando tomamos uma bebida, nesse caso o café. Uma torra moderada para a marrom-escura, resulta em um café encorpado. Porém, a bebida perde o corpo e acidez quando a torra é longa tornando os grãos bem escuro.
O grau da torra também pode afetar os aromas que ficam menos pronunciados quando passam por processos mais leves, mas se intensificam quando os grãos são submetidos a torrefações médias a média-escuras.
O tempo de torra para os cafés robusta, arábica e blend variam. O café robusta, por exemplo, passa por ciclos curtos de calor, para realçar o corpo e atenuar a sensação amadeirada dos grãos. Já o arábica, os grãos são torrados em ciclos médios para intensificar a doçura e destacar seus sabores. Os grãos destinados aos blends, são torrados em ciclos longos.
O grau de torra também varia de acordo com as exigências do país e da região. Por exemplo, no Brasil, prefere-se uma torrefação médio claro a escura. Na Dinamarca e na Noruega, prefere-se uma torra longa até os grãos atingirem uma cor de chocolate. Na Itália, a preferência varia de região para região.
Essa variação entre aromas, corpo e acidez, como resultado da torrefação, é agrupada em três categorias principais: clara, média e escura.
Torra Clara
As torras claras fornecem sabores mais leves e delicados e muitas vezes podem ser mais ácidas. Como o tempo de torra é curto, o sabor original do grão pode ser acentuado. Grãos de alta qualidade com sabores muito distintos geralmente são torrados levemente para permitir que sua originalidade permaneça proeminente.
Torra Média
Os grãos de torra média terão uma cor marrom chocolate, superfície seca e um sabor completo. Esses grãos terão menos acidez do que grãos levemente torrados e um sabor pouco adocicado e tostado. Devido ao sabor e acidez equilibrados, esta é a torra mais popular no mercado de café comercial.
Torra escura
Dependendo do grau da torra, o grão pode ter um leve brilho ou uma aparência oleosa. Na torra escura os açúcares começam a caramelizar e os óleos sobem à sua superfície do grão, ficando com sabor forte, defumado, picante e às vezes amargo. Esse tipo de torra é frequentemente usada para grãos de qualidade inferior.
Café E Os Benefícios À Saúde
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo e apesar das dúvidas relacionadas sobre os efeitos à saúde ainda rondar a cabeça dos apreciadores, tomar um “cafezinho”, pode trazer mais benefícios que o simples prazer de degustar a tradicional bebida.
Pesquisas científicas vêm sendo realizadas no Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão, com descobertas significativas sobre as propriedades medicinais do café, destacando os efeitos relevantes da cafeína e as possibilidades do uso na prevenção da depressão, além dos efeitos positivos sobre a atenção, concentração, memória e aprendizado.
O café é impulsionado pela cafeína, um estimulante natural que faz você se sentir mais ativo. Mas a cafeína no café não apenas te acorda. Ela funciona no cérebro para melhorar a memória, humor, reação motora e função mental. A cafeína, pode até aumentar a resistência e o desempenho durante o exercício e diminuir o risco de várias doenças.
Durante anos, acreditou-se que o café fosse um possível cancerígeno, mas na 8º edição das Diretrizes Alimentares para Americanos 2015-2020, ajudou o consumidor a mudar essa percepção. O guia afirma que o consumo moderado de café pode ser incorporado a padrões alimentares saudáveis.
O consumo moderado de café de três a cinco xícaras de 227ml/dia ou até 400 mg/dia de cafeína, podem ser incorporados a padrões alimentares saudáveis.
Dietary Guidelines For Americans 2015-2020
Em 2020, a Clínica Cleveland localizada nos EUA e com mais de 100 anos de história, publicou um artigo sobre os Benefícios Do Café Para A Saúde. Eles começam o artigo dizendo:
O café é uma fonte de nutrientes, incluindo vitaminas do complexo B, potássio e riboflavina. Os grãos também são ricos em antioxidantes, compostos que protegem as células contra danos.
Cleveland Clinic
Além disso, beber café de forma regular e moderada demonstrou diminuir o risco de várias doenças:
Diabetes tipo 2: Vários estudos descobriram que o consumo regular de café reduz as chances de desenvolver diabetes tipo 2.
Doenças neurológicas: A ingestão diária regular de cafeína está ligada a um menor risco de desenvolver doença de Alzheimer e Parkinson.
Doença hepática: o café parece proteger contra a cirrose hepática em pessoas com risco de contrair a doença, como aquelas com transtorno por uso de álcool ou doença hepática gordurosa.
Câncer: Os pesquisadores descobriram que os bebedores de café têm um risco menor de câncer de fígado e colorretal – duas das principais causas de mortes por câncer em todo o mundo.
Depressão: Vários estudos descobriram que quanto mais café uma pessoa bebe, menor o risco de depressão.
O benefício potencial do café pode ser dos polifenóis, que são compostos de plantas que têm propriedades antioxidantes, de acordo com o Dr. Giuseppe Grosso, professor assistente de nutrição humana na Universidade de Catania, na Itália, complementa o jornal americano.
O café com leite é a bebida mais saudável para crianças e jovens de todo o mundo, pois, além de não causar obesidade, oferece também cálcio, vitaminas e outros nutrientes básicos para a manutenção da saúde humana.
A cafeína foi a primeira substância química identificada no café, em 1820, na Alemanha, por Ferdinand Runge. A partir daí, nenhuma outra substância foi mais estudada desde então, em toda a história da medicina.
Pesquisas recentes mostram que as afirmações de que o consumo de cafeína – ainda que em quantidade moderada – é prejudicial à saúde humana, são total e completamente infundadas.
Não há nenhuma relação entre o consumo de café e a ocorrência de doença coronariana, arritmias cardíacas, hipertensão arterial bem como óbitos em decorrência dessas doenças ou causas diversas, em homens e mulheres com 30 a 59 anos de idade.
Klemola P. autora do artigo Consumo de café e risco de doença cardíaca coronária e morte.
Ao contrário do que se pensava, evidências científicas caracterizam o café como um produto saudável por suas propriedades alimentares e medicinais, podendo trazer muitos benefícios à saúde humana.
Métodos De Preparar Café
Se você não consegue imaginar a vida sem café, você não é o único. Existem tantos tipos populares da bebida para escolher, que é quase que impossível entrar numa padaria ou cafeteria e não apreciar um bom café. Basicamente, as versões de preparo se dividem em bebidas quentes e geladas.
Café Preto
O café preto é feito de grãos de café moídos e misturados com água quente. É o café comum do dia a dia. Na América do Norte a expressão “black coffee” significa café servido sem adição de açúcar, leite ou aromatizantes.
Se for tomar um café como o nosso brasileiro nas cafeterias dos Estados Unidos ou Canadá, peça por drip coffee que é o café feito num filtro, como no Brasil.
Café Descafeinado
O café descafeinado, possui na sua composição pouca cafeína quando comparado ao café tradicional. Para que a cafeína seja retirada sem alterar o aroma, coloração e sabor, são utilizadas algumas técnicas como lavagem de grãos ou utilização de gás carbônico.
Uma xícara de café pode conter de 70 mg a 140 mg de cafeína, já a mesma xícara com café descafeinado, possui apenas 3 mg.
Os benefícios do café descafeinado são os mesmos do tradicional, com exceção da cafeína. Assim, todas os nutrientes e vitaminas são preservados, ajudando na prevenção e redução de diversas doenças.
Expresso
Um método 100% Italiano, o café expresso é mais forte e é feito com os mesmos grãos que o café que o tradicional. Porém, o que difere em gosto e aroma é o método de preparo.
A água usada para fazer o expresso é quente e não fervendo e ela passa pelos grãos finamente moídos sob alta pressão. Com isso, o café fica mais espesso, cremoso e mais concentrado, com um sabor mais acentuado, pois o pó é aproveitado em toda sua essência.
O café expresso é também a base para bebidas populares de cafeterias, como lattes e cappuccinos.
Latte
O café latte, é feito com uma dose de café expresso e duas vezes o volume de leite quente, mais espuma de leite por cima.
Cappuccino
Um cappuccino é a mistura específica entre uma dose de café expresso e leite vaporizado e espumado.
A maioria dos baristas concordam que uma boa proporção de café para leite para um cappuccino é de 1/3 de café expresso para 2/3 de leite.
Macchiato
Um macchiato é uma dose de café expresso com apenas um toque de leite vaporizado ou espuma. Em italiano, macchiato significa “manchado”. Dessa forma, esse tipo de café se refere a uma bebida que foi manchada com leite.
Americano
Feito com café expresso diluído em água quente.
Cortado
Esta bebida, que vem da Espanha, é meio café expresso, meio leite vaporizado com pouca ou nenhuma espuma, normalmente servido em um copo.
Mocha Latte
Este toque doce no café com leite é aromatizado com açúcar e chocolate, geralmente na forma de cacau em pó, chocolate derretido ou xarope.
Café irlandês
Irish Coffee é uma bebida alcoólica feita da combinação de café preto, uísque e açúcar, coberto com chantilly.
Café Gelado
O Iced Coffee é feito com uma xícara normal da bebida quente, resfriada com gelo e misturado com leite.
O Café Mais Caro Do Mundo
Café Ospina Dynasty Premier Grand Cru Grand Reserve
Cultivado na Colômbia, o quilo do Café Ospina Dynasty Premier Grand Cru Grand pode chegar a US$ 3.200/kg. A produção é tão valorizada porque acontece numa fazenda que está localizada entre 2,3 e 2,8 mil metros de altitude. Além disso, a terra é especial por se tratar de uma região vulcânica. O grão, que é do tipo arábica, tem um aroma que mistura pêssego, laranja e jasmim com notas de chocolate, coco e macadâmia.
Kopi Luwak
O Kopi luwak ou café Civeta é um café feito a partir dos excrementos da civeta de palmeira asiática ou musang (Paradoxurus hermaphroditus), um pequeno mamífero carnívoro da Indonésia.
Os grãos de café são ingeridos pelo animal e durante o processo digestivo, são liberados enzimas e ácidos sobre o grão de café, que passa por um processo de fermentação natural e, após serem defecadas, são coletadas e vendidas.
Os apreciadores da bebida dizem que o café produzido dentro do Civeta adquire um leve sabor de frutas vermelhas, sem nenhum índice de acidez e um leve gosto amargo. Um pacote de 454 gramas desses grãos pode chegar a US $600 em lojas de varejo de luxo.
Black Ivory Coffee
Black Ivory (Marfim Preto), é feito de grãos de café cultivados a 1.500 m de altitude, na Tailândia e colhidos a dedo, após serem ingeridos e defecados por elefantes tailandeses. Quem já experimentou diz que o café apresenta baixa acidez e sabor de ervas e chocolate. O Black Ivory foi inventado por um canadense, Blake Dinkin, e um pacote de 35 g é vendido nos EUA por cerca de US $130. De acordo com a revista Toronto Life, é “quase como um chá, não amargo, com notas de cacau, tamarindo, tabaco e couro”.
Café de Santa Helena
O Café de Santa Helena é produzido em território britânico, numa ilha localizada no Atlântico Sul. A ilha é famosa pela história que envolve Napoleão Bonaparte, que se exilou na região e era um grande apreciador da bebida local. O quilo desse café custa aproximadamente US $330/kg.
Café Jacu
Cultivado em Venda Nova do Imigrante no interior do Espírito Santo o café Jacu é o mais caro do Brasil. Sua produção é feita a partir das fezes do Jacu, um pássaro da Mata Atlântica típico da região capixaba. Pode não estar entre os mais caros, mas ainda assim o preço é alto. O quilo do café exótico brasileiro custa aproximadamente R$700 ou US $146.
O Mercado Cafeeiro
A importância do café na economia mundial é indiscutível. Ele é um dos mais valiosos produtos primários comercializados no mundo, sendo superado apenas em valor pelo petróleo.
O Café é fundamental para a economia e política de muitos países em desenvolvimento; para muitos países com desenvolvimento mínimo, a exportação de café chega a contribuir com até 70% das divisas.
O Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo que o maior Parque Cafeeiro do mundo está localizado no Estado de Minas Gerais. O país ainda é o segundo maior mercado consumidor, mas está longe de alcançar a Itália e Alemanha, maiores exportadores, quando se trata de café industrializado.
A Alemanha é a maior compradora de grãos de café verde brasileiro, importando, agregando valor ao produto, torrando, moendo os grãos e vendendo para países da Europa, Ásia, África e América do Norte.
A paixão pelo café na Itália remonta a séculos, influenciando a cultura da bebida tal como se conhece. A Itália ocupa um lugar especial no universo do café, pela forma como prepara a bebida, especialmente pelas máquinas de expresso criadas na década de 30 pela Illycaffè, o que mais tarde se propagou em todo o mundo.
Assim, a Itália passou a ser pioneira na preparação rápida do café, permitindo um serviço ágil aos frequentadores das cafeterias.
A China é a maior produtora de chá do mundo e a bebida faz parte do cotidiano chinês. Entretanto, consumo de café na China vem aumentando cerca de oito vezes mais rápido que o resto do mundo.
O café foi introduzido na China pelos franceses no fim do século XIX e o negócio não parou mais de crescer. Cafeterias pequenas que abriram suas portas há cerca de 10 anos, agora possuem dezenas de lojas em todo país.
A rede Starbucks inaugurou sua primeira loja no país asiático em 1999, levando junto com a rede americana a cultura e o estilo de vida do café. A China detém hoje o maior número de lojas da Starbucks depois dos EUA.
Até o final de 2022, a rede Costa, uma empresa de cafeterias multinacional britânica, pretende inaugurar 1,2 mil lojas.
Porém, tanto a Starbucks quanto a Costa, terão que enfrentar a feroz competição doméstica, já que a economia chinesa vem crescendo e a cultura está se abrindo e integrando com outras estrangeiras.
Com o mercado em plena expansão, os chineses preocupam-se em atender as exigências de clientes que desejam saber da procedência do seu café.
O que antes era um mercado sem muita expressão, agora comerciantes chineses se especializam na Coreia do Sul, Japão e EUA para entender sobre o setor e levar a cultura do café para seu país, especialmente para as cafeterias, onde as pessoas buscam conforto e um café saboroso que mantenha sua originalidade.
Tal como os vinhos finos, os chineses se preocupam com a origem do grão, sabor e características do café servido.
O mercado atual do café na Ásia vem se expandindo rapidamente, cerca de 4% ao ano, comparado com a taxa global de 2%. O aumento da demanda asiática, contribui para que o café mantenha o posto da segunda commodity mais desejada do planeta.
No contexto da produção mundial de café, a qual foi estimada em 168,9 milhões de sacas de 60kg para 2021, verifica-se que a produção de arábica foi calculada em 99,3 milhões de sacas, volume que corresponde a 59% da produção mundial.
Apesar do Brasil ser o grande produtor e com o mercado asiático em plena expansão, a lista dos países que mais consumiram café no mundo em 2021 foi liderada pelos países escandinavos, sendo a Finlândia em primeiro com uma média 12 kg de café por pessoa por ano.
Em seguida vem a Noruega com 9,9 kg da bebida e em 3° a Islândia com um consumo médio de 9 kg de café por pessoa por ano. A Dinamarca aparece em 4° com 8,7 kg e somente em 14º lugar surge o Brasil, com um consumo médio de 5,8 kg per capita.
Concluindo
Globalmente, bebem-se cerca de 2 bilhões de xícaras de café todos os dias, gerando um valor total para o setor cafeeiro de 200 bilhões por ano.
Como um produto versátil, o café é parte de uma alimentação saudável e pode ser encontrado na maioria dos lares de todo o mundo. As atenções das pesquisas científicas se voltaram para a bebida nas últimas décadas. Vários estudos apontam que o consumo moderado do café ajuda na prevenção da depressão e de diversas outras doenças, além dos efeitos positivos sobre a atenção, concentração, memória e aprendizado.
Seu cultivo e produção ainda é o meio de subsistência de mais de 120 milhões de pessoas e suas famílias, no mundo todo.
Atualmente, com U$9 é possível comprar 1kg de café verde brasileiro ou 3 xícaras de cappuccino no Starbucks. Mas a mesma quantia consegue comprar cerca de 350g de café orgânico torrado.
Consequentemente, nesta cadeia quem torra o grão fica com o maior lucro, mas quem somente cultiva, colhe o menor valor.
Dessa forma, o apoio aos agricultores é imprescindível, pois são a parte mais vulnerável da cadeia produtiva e comercial do café. Os cafeicultores, enfrentam uma sequência cheia de desafios que vão desde a produção de mudas, o preparo da terra, a manutenção do cafezal, o respeito ao meio ambiente, a busca pela mão de obra qualificada e investimentos em tecnologia, para a produção de um grão que gera uma bebida indispensável para muitos.
Quando estamos numa cafeteria bebendo nosso expresso, não imaginamos a viagem dos grãos de café até nossas xícaras e as histórias relacionadas à bebida, seus impactos na lavoura, no meio ambiente, no desenvolvimento de uma sociedade, como parte de pesquisas científicas, na dedicação e paixão dos agricultores e satisfação dos consumidores por um simples grão que encantou e mudou intensas negociações internacionais até tornar-se uma commodity global.
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Espero que este artigo tenha melhorado seu entendimento sobre a produção do café brasileiro . Para saber mais sobre cadeia produtiva, dê uma olhada em Chimarrão: A Bebida Mais Sulista Do Brasil.
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