Chimarrão: A Bebida Mais Sulista Do Brasil

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Chimarrão é uma bebida feita com erva-mate e água quente, servida em uma cuia e bebida com uma bomba. Sua origem está enraizada na região Sul do Brasil, assim como na Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Os indígenas que habitavam essas áreas foram os primeiros a desfrutar dessa infusão, antes da chegada dos colonizadores espanhóis.

Com o tempo, a erva-mate se tornou um alimento emblemático da região, em especial entre os colonos italianos. Embora seja frequentemente associada à cultura gaúcha, o chimarrão também deu origem a uma cadeia produtiva que desempenha um papel fundamental na economia do Sul do Brasil e dos países vizinhos.

Além dos diversos benefícios que a erva-mate traz para a saúde, a prática de reunir-se para o chimarrão simboliza cultura, hospitalidade e amizade, aproximando as pessoas para conversarem sobre os mais variados assuntos do cotidiano.

Que o único amargo da vida seja o sabor do chimarrão.

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  1. A História Do Chimarrão
  2. O Hábito De Beber Chimarrão
  3. A Importância
  4. A Erva-Mate
  5. Qual A Diferença Entre Chimarrão E Tereré?
  6. Beber Chimarrão E Os Benefícios Para Saúde
  7. Riscos Para Saúde
  8. O Mercado
  9. 10 Mandamentos do Chimarrão

A História Do Chimarrão

Chimarrão

A introdução da erva-mate como bebida remonta ao longínquo ano de 1592, quando os colonizadores espanhóis, em suas explorações pelo continente sul-americano, se depararam com os índios Guaranis e Quíchuas nas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Esses indígenas, que habitavam a região e possuíam uma rica cultura ligada à natureza e aos seus recursos, carregavam pequenos sacos confeccionados com materiais disponíveis em seu ambiente. Dentro dessas sacolas, encontravam-se pequenas quantidades de uma erva moída chamada ‘caá’, que em sua língua nativa significa “água da erva”. Esta erva era um elemento central em suas tradições e era consumida de diferentes maneiras, seja mastigando diretamente as folhas ou em forma de bebida, evidenciando seu papel social e ritualístico.

Para a preparação dessa bebida, os indígenas utilizavam porongos ou cabaças como recipientes, enquanto canudos feitos de taquara serviam como instrumentos para saborear a mistura. Um detalhe interessante do modo como utilizavam os canudos é que a extremidade que entrava em contato com a bebida era trançada com fibras, impedindo a passagem das partículas da erva, o que demonstra um cuidado com a higiene e a experiência de consumo. Este foi o primeiro contato dos colonizadores com a erva conhecida como “caá”, que logo ganharia notoriedade e seria amplamente disseminada pelo trabalho dos padres jesuítas, que se tornaram grandes defensores de seu uso e cultivo.

O termo “chimarrão” tem suas raízes no vocabulário português e espanhol. Em português, acredita-se que derive das palavras “marrom”, que é uma referência à cor da bebida, ou “clandestino”, evocando a ideia de algo que era consumido de forma reservada, ainda que esses aspectos da etimologia sejam discutíveis. No castelhano, o termo utilizado é “cimarrón”, que traduzido significa “bruto” ou “bárbaro”, e dessa forma, os colonizadores do Sul do Brasil passaram a utilizar o nome “chimarrão” para se referir à bebida amarga e rústica que era consumida pelos nativos. Esse nome acabou se consolidando para descrever a bebida servida pura, sem qualquer adição de ingredientes que amolecessem seu sabor, um ritual que perdura até os dias de hoje.

Contudo, essa relação com a erva-mate não foi isenta de controvérsias. No século XVI, o consumo de chimarrão foi proibido no sul do Brasil por aqueles mesmos jesuítas que inicialmente promoviam seus benefícios. Eles passaram a vê-la como uma “erva do diabo”, acreditando que tinha um efeito afrodisíaco, uma alegação que nunca foi comprovada cientificamente. Mesmo assim, na colônia espanhola, a bebida continuou a ser consumida clandestinamente, desafiando as proibições impostas. Contudo, a partir do século XVII, houve uma mudança de postura por parte dos jesuítas que começaram a incentivar novamente o consumo do chimarrão, buscando afastar a população do álcool e redirecionar sua atenção para as propriedades da erva-mate.

Com a chegada dos europeus e a modernização das técnicas de preparo, a maneira de consumir o chimarrão evoluiu. Hoje, a bebida é popular em diversas versões, podendo ser preparada tanto com água quente, quanto com água gelada, no caso do tererê, uma chave para seu apelo em diversas regiões. O chimarrão ganhou grande popularidade, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, e continua a ser amplamente consumido em países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Paraguai e em algumas localidades do Chile e Peru. Essa bebida, repleta de história e significado cultural, se tornou um símbolo das tradições e do modo de vida das comunidades que a abraçaram ao longo dos séculos.

O Hábito De Beber Chimarrão

Como beber Chimarrão

Assim como a icônica moqueca capixaba, o irresistível acarajé da Bahia e o famoso pão de queijo de Minas Gerais, é praticamente uma obrigação para qualquer visitante do Sul do Brasil experimentar o autêntico chimarrão. Esta bebida tradicional, feita a partir da erva-mate, é especialmente apreciada no Rio Grande do Sul, que se destaca como o estado com o maior consumo dessa planta terapêutica e saborosa.

Os gaúchos, com seu jeito característico de viver, adotaram o chimarrão como uma verdadeira bebida símbolo, representando não apenas o paladar da região, mas também um pedaço significativo da história e cultura locais.

O chimarrão transcende a mera experiência de beber; ele é um elo que conecta as pessoas, pois a tradição gaúcha valoriza a prática de saborear a bebida em grupo. Essa reunião pode ocorrer em diversas ocasiões, seja em uma roda de familiares que se reúnem para compartilhar momentos especiais, seja em encontros informais entre amigos que desejam celebrar a convivência. Essa prática reflete e reforça o espírito de união e coletividade que é tão característica das comunidades do Sul.

O hábito de beber chimarrão coletivamente remete a tempos antigos, quando os indígenas que habitavam a região iniciaram a prática em rituais comunitários, passando adiante essa tradição que perdura até os dias de hoje.

Assim, cada vez que alguém passa a cuia de chimarrão em sua roda, não está apenas proporcionando um momento de prazer, mas também perpetuando um legado cultural que homenageia a ancestralidade e os valores de camaradagem e amizade presentes na cultura gaúcha. É, portanto, uma experiência que vai muito além do sabor, sendo uma celebração da vida em comunidade e da rica história que faz parte do cotidiano dos gaúchos.

A Importância

No Rio Grande do Sul, o chimarrão vai além de sua função como um simples símbolo de tradição regional, assumindo um lugar de destaque na cultura gaúcha e na vida cotidiana de milhões de pessoas. Estima-se que cerca de 11 milhões de gaúchos compartilhem uma verdadeira paixão por essa bebida, que, apesar de sua simplicidade, carrega consigo um profundo significado cultural. O chimarrão ganhou uma data especial no calendário estadual: o dia 24 de abril, que é celebrado como o Dia Estadual do Chimarrão, um dia dedicado a homenagear essa bebida que representa tanto a identidade cultural do povo gaúcho.

A história do chimarrão é rica e fascinante, envolta em lendas que remontam a longínquos tempos. Segundo a tradição, no ano de 1536, quando os soldados espanhóis chegaram à foz do Rio Paraguai, ficaram maravilhados com a exuberante fertilidade da região, o que culminou na fundação da primeira cidade da América Latina: Assunção do Paraguai. Esses desbravadores, que sentiam a saudade de suas famílias e do lar, eram conhecidos por suas excessivas bebedeiras. Para atenuar os efeitos da ressaca e encontrar um conforto nas dificuldades da vida nas novas terras, começaram a consumir a erva-mate, uma planta nativa da região, cuja popularidade cresceu rapidamente e se espalhou pelo Rio Grande do Sul, muitas vezes transportada na garupa dos guerreiros da época.

Desde esses primórdios, o chimarrão se consolidou como um dos principais ícones do estado, elevando-se a um status tal que mereceu um dia inteiramente dedicado a sua celebração, comemorado no dia 24 de abril. Este reconhecimento da bebida e de sua importância cultural evidencia o papel que o chimarrão desempenha na vida dos gaúchos e em suas interações sociais, simbolizando amizade, acolhimento e união entre as pessoas.

A popularidade e a significância do chimarrão foram complementadas pela escolha de Venâncio Aires, localizada a aproximadamente 130 km da capital, Porto Alegre, como a Capital Nacional do Chimarrão. O ciclo econômico gerado pela produção de erva-mate não apenas conferiu a Venâncio Aires esse título, mas também proporcionou a realização de um dos eventos mais importantes do calendário local: a Feira Nacional do Chimarrão, também conhecida como Fenachim. Essa feira se tornou um importante ponto de encontro, reunindo amantes da bebida, produtores e turistas, promovendo um intercâmbio cultural significativo e fortalecendo a identidade local.

O sabor característico do chimarrão não é apenas uma delícia para os paladares, mas também serve como um motor para o turismo e a economia de Venâncio Aires, uma cidade que atualmente abriga cerca de 65 mil habitantes e é responsável pela produção de aproximadamente 3,5 mil toneladas de erva-mate anualmente, o que resulta em uma receita de cerca de R$ 2 milhões. Assim, a erva-mate e a tradição do chimarrão não só sustentam a cultura gaúcha, mas também desempenham um papel crucial na economia local.

Além disso, a história do Paraná também se entrelaça com a erva-mate, que foi fundamental para o desenvolvimento econômico, social e político do estado. Em reconhecimento a sua importância, a bandeira do Paraná ostenta um ramo de erva-mate, simbolizando a riqueza cultural e as raízes desse legado. Santa Catarina, por sua vez, possui sua própria Capital do Chimarrão: Catanduvas. O município se destaca como o principal produtor de erva-mate do estado e realiza a Festa do Chimarrão, que se tornou o maior evento de Catanduvas, atraindo milhares de visitantes a cada edição. Essa festividade ressalta não apenas a relevância da cultura do chimarrão, mas também a importância do cultivo da erva-mate para a economia local, perpetuando a tradição e celebrando a identidade regional com entusiasmo e alegria. Assim, o chimarrão, com suas raízes profundas e ramificações que se estendem por diversos estados do Sul do Brasil, se afirma como um símbolo indiscutível de união e cultura, essencial para a identidade do povo gaúcho.

A Erva-Mate

erva mate

A erva-mate, cientificamente conhecida como Ilex paraguariensis, é indiscutivelmente a verdadeira protagonista do chimarrão, uma bebida tradicional e culturalmente significativa em várias regiões da América do Sul. Essa planta nativa da Mata Atlântica passa por um meticuloso processo de secagem, torra e trituração antes de estar pronta para o uso, resultando em uma erva que não apenas fascina pelo seu sabor singular, mas também pela sua rica história e importância ecológica.

O perfil de sabor da bebida é determinado pela variedade da erva-mate utilizada, o que pode resultar em um mate puro, com notas amargas e defumadas, ou em uma mistura com outros chás, popularmente conhecida como mate jujado. Essas variações de sabor são um reflexo da diversidade da erva-mate e de como ela pode ser adaptada às preferências de cada consumidor. A árvore que produz essa erva pode atingir mais de oito metros de altura e cresce nas densas florestas do sul do Brasil, às margens dos rios no norte da Argentina, além de ser encontrada também no Paraguai e no Uruguai.

A erva-mate é considerada uma escolha excelente para fins de arborização e jardinagem, não apenas pela sua beleza natural, mas também pelo seu impacto positivo sobre o meio ambiente. Ela desempenha um papel vital na recuperação de ecossistemas degradados, contribuindo para a restaurar a biodiversidade nas áreas ciliares, que são fundamentais para a saúde dos rios e riachos. As partes da planta que são mais utilizadas na produção do chimarrão são as folhas e os caules finos; por outro lado, a madeira é considerada de pouco valor e não é utilizada para a produção de lenha, celulose ou papel.

Existem dois tipos principais de erva-mate que são comercializados para consumo: um tipo é especialmente destinado ao preparo do chimarrão, do tereré e do chá mate tostado, enquanto o outro é voltado para a produção de mate solúvel e refrigerantes. Essa diferenciação é importante para atender às variadas preferências dos consumidores, além de expandir o leque de opções de bebidas à base de erva-mate.

Do ponto de vista nutricional e químico, a erva-mate é rica em componentes benéficos. Entre os principais ingredientes identificados, podemos destacar o ácido fólico, diversas vitaminas, sais minerais, taninos e alcaloides, sendo a cafeína a mais conhecida das substâncias presentes. A concentração de cafeína nas folhas mais jovens da erva-mate é de cerca de 2,2%, diminuindo gradualmente em folhas mais velhas.

Essa cafeína é a responsável pelo efeito estimulante que muitos apreciam no chimarrão e no chá de mate. Já os taninos, que conferem um sabor adstringente característico à bebida, estão presentes em uma concentração aproximada de 16%, contribuindo significativamente para a experiência sensorial ao consumir esta bebida tão emblemática.

Assim, a erva-mate não é apenas um ingrediente de uma bebida; ela é um elemento cultural, histórico e ecológico que interage de maneira profunda com as tradições e a natureza das regiões onde é cultivada e apreciada.

Qual A Diferença Entre Chimarrão E Tereré?

Tereré é uma bebida refrescante que se destaca como a versão gelada do tradicional chimarrão, um símbolo da cultura do sul do Brasil e de outros países da América do Sul. Assim como o chimarrão, o tereré é preparado com erva-mate, porém, a grande diferença reside na temperatura da água utilizada: enquanto o chimarrão é preparado com água quente, o tereré é feito com água fria. Essa preparação em água gelada abre um leque de possibilidades para combinações com diversas ervas e frutas, como hortelã, limão, abacaxi, laranja e gengibre, proporcionando uma experiência sensorial única e refrescante, especialmente apreciada durante os meses mais quentes.

A diferença entre o chimarrão e o tereré vai além da temperatura da água e dos ingredientes utilizados. O tereré é frequentemente considerado por críticos e apreciadores como uma bebida distinta do chimarrão, com suas características próprias. Enquanto o chimarrão é consumido de maneira mais cerimonial e tradicional, o tereré é uma bebida social e descontraída, ideal para ser compartilhada entre amigos e familiares em encontros ao ar livre. Essa prática é particularmente popular em regiões de clima quente, como os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Paraguai, onde a cultura do tereré é profundamente enraizada.

Na capital paraguaia, Assunção, é comum o aluguel de acessórios para a preparação do tereré, como a jarra de água, a cuia e a bomba, além da própria erva-mate. Essa facilidade contribui para a popularidade da bebida, que se tornou uma parte importante da vida social local. Em termos de composição, a erva utilizada para o chimarrão é geralmente mais fina e intensa, o que a torna ideal para a infusão em água quente. Em contraste, a erva do tereré é mais grossa e robusta, perfeita para ser combinada com água gelada, produzindo um sabor mais suave, mas ao mesmo tempo cheio de frescor.

Os recipientes utilizados na preparação das duas bebidas também apresentam diferenças significativas. A cuia do chimarrão, conhecida como porongo ou cabaça, é tradicionalmente feita a partir da planta porongueiro, conferindo um toque típico e artesanal à bebida. Já a cuia do tereré é frequentemente um copo sinuoso, geralmente confeccionado a partir de chifre de boi e chamado de guampa, que pode ser adornado com couro, agregando valor estético e cultural ao momento de beber. Outros elementos, como a bomba, em que o chimarrão utiliza uma ferramenta de aço inoxidável, frequentemente ornamentada com pedras preciosas para um toque de elegância, no tereré a bombilha é fabricada de metal alpaca, que é um material mais leve e prático.

Curiosamente, o próprio nome “tereré” tem uma origem intrigante, derivando do som característico produzido pela bomba ao final do consumo da bebida, que lembra a expressão sonora “tererê”. Este aspecto lúdico e reconhecível adiciona um charme especial à experiência de beber tereré, fazendo desta bebida não apenas um prazer gustativo, mas também um ritual social repleto de significados e tradições. Em suma, o tereré é uma celebração da convivência, do frescor e da diversidade de sabores, refletindo a rica cultura da América do Sul.

Beber Chimarrão E Os Benefícios Para Saúde

Benefícios do Chimarrão

Tomar chimarrão regularmente é um hábito que pode trazer diversos benefícios para a saúde, e essa prática é muito valorosa no que diz respeito ao bem-estar humano. O chimarrão, feito a partir da erva-mate, contém uma variedade de propriedades nutricionais que podem contribuir significativamente para a prevenção e o tratamento de várias condições de saúde. Estudos demonstram que essa planta impressionante é capaz de combater enfermidades como anemia, diabetes e até mesmo depressão, destacando-se não apenas por seu sabor, mas também por seu alto valor nutricional.

Historicamente, os colonizadores a reverenciavam como o “néctar dos deuses”, reconhecendo seu potencial não apenas como uma bebida, mas também como um remédio natural. O chimarrão é amplamente utilizado na medicina popular, onde a erva-mate desempenha um papel essencial devido às suas inúmeras propriedades terapêuticas. Dentre os seus principais benefícios, estão os efeitos estimulantes, diuréticos, digestivos e sudoríficos, que contribuem para uma melhor qualidade de vida.

Além disso, essa bebida rica é uma fonte significativa de vitaminas essenciais, incluindo aquelas do complexo B, bem como as vitaminas C, D e E. Também fornece uma ampla gama de sais minerais, como cálcio, ferro, manganês e potássio, que são fundamentais para o funcionamento adequado do organismo. O consumo regular de chimarrão pode ser um grande aliado na luta contra células cancerígenas, retardando assim o processo de envelhecimento. Essa bebida promove a vasodilatação e a redução da pressão arterial, fatores que são extremamente importantes para a saúde cardiovascular.

O chimarrão também desempenha um papel crucial na hidratação do corpo, podendo até ajudar a aliviar os sintomas de ressaca. Além de tudo isso, funciona como um estimulante natural que pode aumentar a resistência à fadiga, proporcionando um aumento significativo na energia e na disposição ao longo do dia. Pesquisas realizadas por instituições renomadas como o Instituto Pasteur e a Sociedade de Aplicação Científica, ambas com sede em Paris, descobriram que a erva-mate contém uma quantidade surpreendente de ácido pantotênico, superando até mesmo a quantidade encontrada na geleia real. Além disso, a erva-mate se mostra um potente estimulante das glândulas sexuais, o que pode ter implicações positivas na saúde sexual e na vitalidade do indivíduo.

Portanto, incorporar o chimarrão na rotina diária pode ser um passo valioso para aqueles que buscam melhorar sua saúde e seu bem-estar de maneira natural e saborosa.

Riscos Para Saúde

Risco para a saúde

O consumo excessivo de chimarrão pode levar à insônia ou irritabilidade e, de acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à OMS, também está associado a um aumento do risco de câncer de esôfago. O alerta surgiu após 23 pesquisadores de 16 países revisarem mais de 1.000 estudos epidemiológicos, observacionais e experimentais com animais, realizados de novembro de 2015 a junho de 2016.

O grupo analisou a ingestão de café, chimarrão, tererê e mate, concluindo que bebidas consumidas a temperaturas superiores a 65ºC favorecem o desenvolvimento dessa doença, pois provocam lesões térmicas na mucosa esofágica. Embora os gaúchos evitem discutir esse assunto, especialmente durante as rodas de chimarrão, é um fato que, no Rio Grande do Sul—o estado onde o chimarrão é mais popular—, a incidência desse tipo de câncer é até cinco vezes maior em comparação ao restante do Brasil.

Acredita-se que isso se deva ao consumo da bebida a temperaturas de 65ºC ou mais. Os pesquisadores também relacionam o carcinoma de esôfago ao uso da bomba, pois o líquido vai direto da cuia para a garganta, evitando o contato com a boca, onde ocorre a troca de calor, ao contrário do que acontece ao beber de xícaras ou copos.

Além disso, como a parte inicial do esôfago não possui terminações nervosas, não há sensação de dor ao ingerir líquidos quentes, o que pode levar muitos a superestimarem sua resistência ao calor. Em 2016, a Agência Brasil reportou declarações de Ricardo Gurski, chefe de cirurgia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que alertou que a água quente do chimarrão, ao lesionar a mucosa esofágica, facilita a absorção de substâncias cancerígenas da alimentação.

Gurski destacou que o câncer de esôfago é uma condição extremamente letal e muitas vezes difícil de diagnosticar precocemente; geralmente, quando os sintomas aparecem, a doença já está em um estágio avançado. Ele concluiu que a questão não é apenas o ato de beber água quente, mas a frequência e a temperatura elevada da ingestão.

Entretanto, não é necessário abandonar o hábito de beber chimarrão, pois a erva-mate em si não está associada à doença. O risco não é exclusivo do chimarrão, já que o estudo da OMS indicou que o consumo de qualquer bebida quente, como café ou chá, a 65ºC ou mais, pode contribuir para o surgimento do câncer de esôfago. A recomendação é que bebidas quentes sejam consumidas a uma temperatura de 55ºC, similar à do café expresso logo após a preparação.

O Mercado

O mercado de Chimarrão

O Brasil se destaca como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, particularmente notável pela sua capacidade de gerar uma diversidade impressionante de produtos agrícolas. Entre eles, vale ressaltar a soja, a laranja, o café e a cana-de-açúcar, que são pilares fundamentais da economia agrícola brasileira.

No entanto, uma cultura que vem ganhando cada vez mais destaque é a da erva-mate, na qual o Brasil se consolidou como o principal produtor mundial, alcançando impressionantes cifras de aproximadamente 900 mil toneladas anuais. Este volume coloca o Brasil à frente de outros países conhecidos pela produção dessa planta, como a Argentina, que produz cerca de 837 mil toneladas, e o Paraguai, que contribui com 171 mil toneladas.

Apesar do potencial promissor da erva-mate, os produtores enfrentam desafios significativos para a implantação e um manejo eficiente dessa cultura. Um dos principais obstáculos reside nos custos elevados relacionados à compra de mudas e à contratação de mão de obra qualificada. Juntos, esses fatores podem responder por até 65% do investimento necessário por hectare cultivado.

É importante destacar que a produção de erva-mate não apresenta um retorno imediato, uma vez que as primeiras colheitas significativas costumam aparecer apenas no quinto ano de cultivo. O retorno sobre o investimento, também conhecido como payback, geralmente não ocorre antes do décimo ano, o que exige paciência e planejamento financeiro por parte dos agricultores.

Apesar desse longo período de espera, a cultura da erva-mate é vantajosa do ponto de vista de longevidade, pois pode ser mantida por pelo menos 40 anos, embora seja necessário realizar a renovação do solo em intervalos adequados para garantir a produtividade.

A produtividade média da erva-mate gira em torno de 7 a 8 toneladas por hectare. Contudo, segundo informações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a adoção de práticas agrícolas recomendadas e orientações técnicas pode elevar essa produtividade para impressionantes 20 toneladas por hectare, potencializando ainda mais a viabilidade econômica da cultura.

Os preços da erva-mate no mercado variam entre R$ 1,60 e R$ 1,90 por quilo, refletindo a dinâmica de oferta e demanda que permeia o setor. Além disso, o consumo de erva-mate se destaca especialmente na região Sul do Brasil, onde o Paraná lidera em volume de produção. O estado do Rio Grande do Sul, por sua vez, se destaca tanto em termos de área plantada quanto na concentração de indústrias ligadas a esse mercado.

Outro ponto a ser considerado é a crescente demanda por erva-mate em diversas verticais de mercado. O uso da planta se expandiu além do tradicional chimarrão e tereré, alcançando novos setores como o de cosméticos, medicamentos e tintas.

Adicionalmente, a erva-mate está se tornando um ingrediente de destaque na gastronomia, sendo utilizada em cervejas, refrigerantes e até doces que incorporam cafeína, o que vem impulsionando tanto o mercado interno quanto as exportações dessa commodity. Essa diversificação de usos e o aumento da popularidade da erva-mate no cenário global sinalizam um futuro promissor para os produtores brasileiros e fortalecem a posição do Brasil como líder na produção dessa planta tão valiosa.

10 Mandamentos do Chimarrão

Dez mandamentos do chimarrão

O chimarrão pode ser saboreado sozinho, acompanhado ou em boa companhia. Em uma roda de chimarrão, existem algumas regras que, se desrespeitadas, podem ser vistas como infrações graves. Por isso, surgiram os dez mandamentos do chimarrão:

1) Nunca peça açúcar no mate: o verdadeiro chimarrão é forte e amargo.

2) Não diga que o chimarrão é anti-higiênico: muitos podem achar estranho compartilhar a mesma bomba, mas isso é parte da tradição, que simboliza irmandade e confraternização.

3) Não reclame que o mate está quente demais: novamente, essa é a tradição; um mate forte, amargo e bem quente é o ideal. Como dizem os gaúchos, se quiser beber a sua temperatura, vá para o Paraguai e experimente o tererê.

4) Não deixe um mate pela metade: ao encher a cuia, assegure-se de que todos já beberam e que nada ficou sobrando.

5) Não se envergonhe do “ronco” ao final do mate: esse som produzido ao terminar de beber com a bomba é parte do ritual.

6) Não mexa na bomba: o preparo do chimarrão é um ritual, e tudo deve estar em seu devido lugar antes de começar. Por isso, não tente ajustar a bomba para melhorar a erva na cuia. Se ela entupir, devolva-a a quem preparou o mate, mas nunca mexa na bomba.

7) Não altere a ordem de serviço do mate: você pode entrar na roda a qualquer momento, mas, uma vez lá, aguarde sua vez e não tente beneficiar ninguém.

8) Não “durma” com a cuia na mão: numa roda de chimarrão, você conversa, ri e interage com todos. A cuia não é microfone; fale à vontade, mas passe a cuia adiante.

9) Não critique o dono da casa por tomar o primeiro mate: o primeiro é sempre o mais difícil, e quem o toma está fazendo um favor a todos.

10) Não insinues que chimarrão causa câncer na garganta: até pode, mas não é você, que pega a cuia pela primeira vez, quem deve afirmar isso com jeito de entendido. Saboreie o mate e esqueça o resto; uma vida compartilhada com o chimarrão vale a pena.

Conclusão

O modo de beber erva-mate, que foi encantadoramente descoberto pelos colonizadores espanhóis através dos indígenas das regiões meridionais da América do Sul, se transformou em um ato de amizade e união nos dias atuais.

Compartilhar um chimarrão conecta as pessoas em uma alegre roda de conversa. Ademais, o consumo de erva-mate traz uma série de benefícios à saúde, promovendo bem-estar. O chimarrão viaja de mão em mão, carregando a rica história, a vibrante cultura e a essência do povo sulista.

As rodas de chimarrão simbolizam liberdade, fraternidade e confraternização, tornando-se um verdadeiro ícone da hospitalidade.

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Espero que este artigo tenha melhorado seu entendimento sobre o Chimarrão. Para saber mais sobre, dê uma olhada em Café: A Produção Brasileira Que Virou Uma Commodity Mundial.

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